Esses dias enquanto rolava o catálogo da netflix, decidi assistir o filme Hunger. Spoiler: detestei. Enquanto via a narrativa, senti um completo esvaziamento do propósito da comida. Talvez por essa minha visão romântica em torno do alimento, o filme não conseguiu me ganhar. À medida que a história desenrolava, retratando uma busca incessante pelo melhor, eu só conseguia pensar: que melhor é esse?
Porque deturpamos tanto as coisas as quais amamos em nome dum suposto sucesso?
Na trama, a crueldade do Chef é algo admirável, faz parte do processo de crescimento até o estrelato. Há um apelo à exclusividade, ao hedonismo, à segregação a partir do alimento, há a desfiguração de toda a comida, seu aspecto nutritivo e de união. A simplicidade gastronômica é vista como uma fraqueza.
Não posso negar que os recursos empregados no filme atingiram seu objetivo, visto que o mesmo alugou um triplex na minha cabeça, me levando a pensar inclusive, dada as proporções, o que é que difere o fazer gastronômico retratado na ficção do que acontece na realidade? É possível se alimentar de comidas saborosas sem o peso dessa busca de sucesso desumanizadora?
Outra coisa que me ocorreu é que diferente do que eu gosto de pensar, as comidas feitas com sentimentos non gratos não amargam como fel, inclusive podem ser muito boas gustativamente, e isso me deixa bem desconfortável. Eu gosto de acreditar que a comida é um conjunto de fatores, desde o ingrediente, a energia no preparo até as técnicas. Será que sou muito alice? Provavelmente sim.
Segue receita bem simples, mas que é uma comida conforto pra mim.
Café com banana
Ingredientes
1 Banana da Terra
Café de sua preferência
2 Ovos
manteiga
Queijo a gosto
Modo de Preparo
Corte a banana em três pedaços e leve para cozinhar por 10 minutos. Enquanto isso, você pode preparar o café de sua preferência. Aqueça a frigideira, acrescente um pouco de manteiga e frite os ovos, quando estiverem quase no ponto, ponha o queijo. Desfrute.
Eu sou a Raici, autora de mim, persistente e teimosa nas horas vagas, cantante, rebolativa e tagarela. Cozinho palavras e afetos. E busco o extraordinário ao meu modo. Sinta-se à vontade, e, caso queira, passe esse texto adiante. Se inscreva pra receber meus escritos sempre que eles decidirem existir. Bon Appetit!